Sobre meu Dia Internacional da Mulher


Sou uma mulher apaixonada pelo universo masculino. Tenho um pai, um filho, um ex-marido e amigos que só confirmam este meu posicionamento. Contudo, viver entre homens tem me revelado o quanto preciso me compreender como mulher.

Sou uma mulher de sorte. Vivo próxima a homens bons, amáveis, parceiros. E todos eles contribuem ou contribuíram, de alguma maneira, para que eu me reconhecesse como uma mulher corajosa, determinada, inteligente, sagaz, criativa, carinhosa, sedutora. Reconheço-me uma mulher com as diferenças inerentes ao meu ser. 

Luto. Sorrio. Cuido. Amo. Sinto. Protejo. Por ser mulher? Também. Mas, principalmente, por ser humana.

Aprendi que a minha relação com o tempo, como mulher, é diferente da relação do homem. As mudanças pelas quais meu corpo passa e passou mostram isso desde cedo. Nossas naturezas brincam de maneiras diferentes, desde sempre. Respeitar essas diferenças pode oferecer conforto a ambos, homens e mulheres.

A minha relação, como mulher, com o sexo e com a minha sexualidade, e todas as escolhas que advêm dessa relação, definem um aspecto importante de quem eu sou e como sinto prazer. Sim, é permitido à mulher escolher sentir ou não prazer. Cuidar de si. Dizer sim ou não a uma gestação. Seguir em frente.

Escolho nutrir meu corpo e minha mente com o que há de melhor em ensinamentos, conhecimentos, lições. Por que sou mulher? Também. Mas, principalmente por ser humana.

Este Dia da Mulher me fez pensar no quanto tenho sido preocupada comigo mesma e com as mulheres aos meu redor. O quanto tenho acertado e errado tentando ser melhor. Sem medo de ser feliz. O quanto me esforço para que as minhas coisas e as das pessoas com as quais me relaciono deem certo.

Percebi que, ao longo destes anos, não consigo desejar mal a ninguém. Que dou conta das minhas tristezas e das minhas frustrações. Mesmo elas não desistindo de bater em minha porta. Descobri que não guardo mágoa. Que sinto muito mais vergonha do que eu mesma calculava. Que consigo viver sozinha. Mas não em completa solidão. Que não consigo ficar longe dos meus pais. Que amo conversar com eles sobre o passado. Aceitei que meu filho tem as escolhas dele. E que mesmo a distância ele me ama.

Tudo isso por que sou mulher? Também. Mas, principalmente, porque sou humana. 

Por fim, precisamos festejar o Dia Internacional da Mulher? Sim, considerando o contexto histórico da data: mais direitos e melhores condições de trabalho para as mulheres nas fábricas do EUA e da Europa, isso no início do século XX. Um cenário de posicinamento social para a mulher. De afirmações e reconhecimentos perante não só os homens, mas também outras mulheres. Ainda como nos dias de hoje, ao redor do mundo.

Na China, as mulheres chegam a ter metade do dia de folga no 8 de Março, conforme é recomendado pelo governo - mas nem todas as empresas seguem essa prática.

Nos Estados Unidos, o mês de março é um mês histórico de marchas das mulheres.

No Brasil, a data também é marcada por protestos nas principais cidades do país, com reivindicações sobre igualdade salarial e manifestações contra a criminalização do aborto e a violência contra a mulher.

Todos esses movimentos se dão por que são mulheres? Sim. Mas, principalmente, porque são seres humanos.

Admiro todas as mulheres com as quais tenho vínculo afetivo. Minha mãe, a primeira mulher da minha vida e a mais importante, minha referência até hoje. Minhas irmãs com quem aprendo sempre, a cada dia mais e mais por meio do amor fraterno, estranho, distante, às vezes, mas de profunda conexão. Minhas amigas. Conquistas minhas. Me amam por quem eu sou. Isso me faz amá-las incondicionalmente. Mulheres incríveis que me ensinam diferentes aspectos da vida cotidiana. Que me mostram como eu sou no mundo e com o mundo.

Analisei. Comparei. Questionei. Eu poderia ficar enumerando semelhanças e diferenças entre homens e mulheres, no stricto sensu. Não é meu foco. Prefiro pensar que são seres que se complementam, que podem viver muito bem juntos quando há respeito e reciprocidade.

Por que são homens e mulheres? Sim, mas essencialmente, porque são seres humanos.

Ana Carolina Monteiro - hoje - uma filha, irmã, mãe, tia, amiga, profissional, estudante, cidadã de 42 anos e exatos 11 meses.

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